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Monstruário
Toda a obra de Ducasse é um gigante bestiário: junta técnicas de escrita
automática, fórmulas impossíveis, joga as palavras com outras sem ordem, estende
metamorfoses intermináveis, rouba, crie a volta a roubar, e monta uma grande
mensagem assémica.
Apenas algumas vezes a palavra besta aparece nos Cantos de Maldoror,
mas o texto está cheio delas.
Na maior parte das vezes, a besta é o próprio homem, mas pode ser um
escaravelho, um polvo, ou um tubarão. Anjos, Vaginas, Pénis, Deus
e o Homem não foram contemplados nesta colecção, apesar de direito
lhe pertencerem honorariamente.
O zoo pessoal de Lautréamont personifica-se variadas vezes nas
suas célebres enunciações do “belo como”, que não dizem apenas respeito
a animais grotescos, mas também a situações estranhas.
Numa delas, Lautréamont define-se a si próprio:
triste como o universo, belo como o suicídio.